Tudo depende do referencial...

Acho que ao longo dos meus poucos anos de vida, uma das leis universais que eu mais vejo em prática é a do referencial. Na física, tudo depende do referencial. Na vida essa regra se aplica total e completamente. Conceitos de certo e errado, de poder e não poder, de subir e descer, tudo vai depender do referencial. Isso é um dos principais causadores de discórdias: as pessoas raramente tem referenciais iguais.
Um exemplo clássico: o casamento. Meus pais são divorciados e eu nunca tive problema com isso. Dos meus amigos, pouco mais da metade tem os pais divorciados. Dos meus 7 tios (e tias), somente 2 continuam casados. Ou seja, o meu referencial de casamento é algo que pode dar certo, mas pode e provavelmente vai dar errado. Não to falando que eu não acredito em casamento e que ele possa ser feliz para todo o sempre, eu acredito. Só que dada a minha experiência, eu sei que as coisas podem dar erradas. Consequentemente eu sou relativamente cética em relação ao casamento. Se não tiver bom, eu separo, pronto. Além disso, não vou seguir pelo mundo meu marido só porque nós estamos casados - o matriônio não é estável.
Um amigo meu, aqui do curso, no entanto, discordava totalmente dessa visão minha. Ele afirmava que quando se está casado tem que ficar casado e fazer de tudo para dar certo. Que você não pode pensar assim, que o casamento vai ter um fim. Quando se está casodo, você não pode pensar só por você, tem que ser pelos dois. E a maioria dos casamentos duram sim. Lógico, os pais dele ainda são casados. A maioria dos amigos dele tem os pais casados. Portanto, o referencial dele é: o casamento é algo para sempre.
Sempre discutíamos isso. Ele nunca conseguiu entender que eu acredito sim que um casamento pode ser para sempre, mas que eu também sei que ele pode dar errado. Eu acho que quando você se casa, tem que fazer de tudo e mais um pouco para dar certo. Só que às vezes não dá. O amor acaba. Quando o amor acaba, eu não vejo o porque de continuar junto. Não acho que comodidade seja uma boa desculpa, nem acho que os filhos vão querer ver os pais juntos e não-felizes. Mas isso é, sempre foi, e sempre será o meu ponto de vista por causa das referências que eu tive. E esse não é, não foi e nunca será o ponto de vista do meu amigo.
É uma discussão sem fim. Nós nunca vamos concordar porque ele vê as coisas de um jeito e eu vejo de outro, no sentido de que eu convivo com uma realidade e ele com outra. E assim como o casamento, existem mais sei lá quantos exemplos que eu posso dar de diferenças de pontos de vista por referenciais diferentes.
Por essas e outras eu digo, quando for discutir, pergunte o referencial da pessoa. O embasamento daquela "teoria". O que uma pessoa já passou é o principal formador do ponto de vista dela em relação ao mundo. As coisas que ela já fez importam sim, mas o referencial que ela usa, a base da vida dela, é o que vale.
Sabe o importante em aprender o referencial alheio? Não é simplesmente porque isso pode mudar a nossa opinião. É porque, ao mudarmos o refencial, todo o assunto muda de forma. Você aprende a ver a vida por um ângulo diferente, um ângulo novo que você não só não considerava, como também simplesmente nem conhecia.
Um ângulo que pode te mudar - no sentido geral da palavra. E uma mudança de visão é sempre - sempre - bem vinda! ^^

P.S. As imagens contidas nesse post não são de minha autoria e nenhum desses gatos é a Fran. Todas foram encontradas pelo Google.

1 posts:

Milene 3 de novembro de 2010 às 07:08  

Nossa Fernanda, um ótimo post! Sem entrar na discussão do casamento em si, a questão dos referenciais, dos modelos mentais, da soma de nossas experiências foi show de bola. Uma relação autêntica entre nós e os outros depende realmente disso: o entender os referenciais alheios. Só assim se consegue uma comunicação efetiva e uma interação legal. Não é fácil, mas ter em mente que isso é importante já é um passo e tanto. Reconhecer que devemos abrir o coração e a mente para o próximo e não ficar na defensiva é um exercício diário para sermos melhores, evoluirmos. E casamento, nada mais é do que isso! Ah, esqueci, não ia falar sobre o matrimônio, hehehehe Bjks,

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