Como dois e dois são quatro

Acho que desde os meus 16 anos eu sou apaixonada por um poema de Ferreira Gullar, intitulado "Como dois e dois são quatro. Eu confesso que o que me fez apaixonar pelo poema foi a matemática do trem. Numa fase em que o ceticismo impera, nós começamos a duvidar das nossas crenças, das nossas noções de vida e mundo e (para mim) começamos a estudar a filosofia e a política da vida, algo que começa com "Como dois e dois são quatro" gera um impacto impressionante numa adolescente cuja única certeza é o amor pelas exatas (drama mode super on).
Ta, críticas ao meu amor pela matemática a parte, o resto do poema completa o verso inicial. Escrito (se não me engano) na época da ditadura, nos remete a pensamentos profundos, tristes, pesados e obscuros se quisermos analisar a época assim. Mas ao mesmo tempo, nos traz a certeza de que, não importa quão ruim tudo esteja, a vida ainda vale a pena. E eu acho que é essa a beleza do poema.
A soma de dois mais dois é algo simples, trivial. A expressão "dois mais dois" por si só remete ao cúmulo da simplicidade. Dizer que a vida vale a pena, assim como algo tão simples, mesmo no meio do turbilhão que foi a ditadura brasileira, é algo tão... profundamente simples e tocante.
Eu sei, parece até um bla bla bla de pessoa extra-emocinal, mas foi assim que o poema me fez, e faz, sentir. Existem, sim, outros poemas e sonetos que marcaram a minha adolescência. Mas o que eu realmente carrego comigo, sei de cor e saltiado, de trás pra frente (e que tem um significado muito bla bla bla e extra-emocional) é esse.
Espero que esse poema também fique na lembrança de vocês como ficou na minha. Simples assim.


"Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena 

Como teus olhos são claros
e a tua pele, morena

como é azul o oceano
e a lagoa, serena 

como um tempo de alegria
por trás do terror me acena 

e a noite carrega o dia
no seu colo de açucena 

- sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena 

mesmo que o pão seja caro
e a liberdade, pequena."
Ferreira Gullar


P.S. As imagens contidas nesse post não são de minha autoria e nenhum desses gatos é a Fran. Todas foram encontradas pelo Google.

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