Uma Noite com a Fran

O dia passa, vai chegando a noite, a hora de dormir. Tomo meus remédios, ponho ração e água para Fran e vou para o quarto. Antes de fechar a porta, no entano, está a Fran olhando para mim com carinha de "você vai me deixar dormir aqui sozinha?!". Finjo que tenho um coração de pedra e fecho a porta, antes que eu me arrependa.

Quando estou quase me deitando lembro que esqueci de pegar o celular (também conhecido como despertador) e vou lá na sala buscar. A Fran me ve e, quando eu estou voltando para o quarto, ela corre para dentro, vai para debaixo da cama e fica no meio, frustrando qualquer tentativa de tirá-la do quarto.

"Ta, Fran, essa noite você pode dormir comigo. Mas só essa noite, tá bom?? E se começar a ronronar já sabe...." Eu me deito toda feliz. Dali a dois segundos eu sinto um baque na cama e um motor a mil ligado. Lá se vai minha noite tranquila de sono....

A Fran vem ronronando. Alto. Beeeeem Alto. Ve minha mão que eu, distraída, deixei para fora do edredom. Se prepara e ataca. Morde, prende. Eu escondo a mão. Ela então se levanda e vai para a outra, mas mais sutilmente. Vai chegando, chegando, chegando e morde um dedo, depois outro, depois outro e prende a mão e... eu escondo a outra mão. Ela sobe em cima de mim. 

Vai para o travesseiro e começa a afiar as unhas no meu cabelo que está esparramado pelo travesseiro. É menos mal porque isso não me incomoda, só embaraça o meu cabelo já todo embaraçado. Mas de boa. No entanto, ela se cansa. Rápido. Ainda ronronando, sobe novamente em cima de mim (pela minha cabeça) e deita no meu peito/tórax. Ainda ronronando. Alto.

Ela começa a rodar, rodar, rodar, até ficar com a cabeça virada para a minha. Daí vai chegando, chegando, deitada, do tipo "estou me acomodando" e... morde meu queixo. Eu escondo debaixo do edredon, e ela tenta pegar meu nariz com a pata. Eu escondo ele também embaixo do edredon, e ela tenta morder minha bochecha. Eu me escondo toda debaixo do edredon.

Nessa altura da noite eu já não sei se fico rindo ou chorando. Mas tudo bem. Detesto dormir com a cabeça embaixo das cobertas, mas sem problemas. De repente, sinto "alguém" atacando meu pé. Se mexo a mão, dois segundo depois tem alguém pulando onde ela tava. Ta, a paciência ta esgontado. Não, não adianta avisar. Ah, a preguiça de levantar e tirá-la é maior do que a falta de paciẽncia com as brincadeiras. Logo ela para....

Uma meia hora depois ela se cansa de vez. Vai para os pés, ou entra embaixo da coberta e fica lá. Dorme, finalmente. E eu também. Oba, agora até quando o despertador tocar......... Doce ilusão.

5 a.m. Em ponto. Nem um minuto antes. Nem um minuto depois.

Um motor me acorda. Está em cima do meu rosto. O motor anda para lá, para cá, tenta morder minha mão. Afia as unhas no travesseiro. Morde meu queixo, meu nariz, minha bochecha. Ataca qualquer parte do meu corpo que se move. Quando to totalmente embaixo do edredon e imóvel, ela deita em cima do meu rosto. Ronronando. Alto. Muito, muito alto.

De novo a briga interna: levantar ou não levantar, eis a questão. Sim, a falta da paciẽncia com a Fran é imensa. Mas a preguiça ainda é maior. Eu pego ela, coloco embaixo do edredon, aperto bem pertinho de mim e digo "fica queita, por favor". Ela olha para mim, vira a cabeça e... tenta morder meu queixo. Ou pegar meu nariz. Ou morder minha mão. Ou tudo junto e misturado.

Mais 30 minutos de tortura, digo, carinho e ela fica quieta... oba, agora eu vou dormir....

Quando to embalado de novo no sono, toca o infeliz. Meu celular. É, com esse não adianta nem eu te preguiça. Mas o pior não é ele. Ele tem soneca. O pior é que, junto com o celular, começa, de novo, a saga do motorzinho... e le vem a Fran... de novo. Pronto, agora sim minha paciência atingiu seu limite.

"Pronto Fran, eu levanto, tá bom?!?! Viu, to de pé. Vem, vou te dar comida..."

E lá se vai o meu motorzinho, me seguindo para a cozinha, toda feliz...

P.S. As imagens contidas nesse post não são de minha autoria e infelizmente nenhum desses gatos é a Fran. Todas foram encontradas pelo Google.